Desaparecimento do Submersível Titan: Erros e Falhas Imprudentes Contribuíram para a Tragédia

O submersível Titan, da empresa OceanGate Expeditions, desapareceu devido a uma série de erros e condutas imprudentes por parte da fabricante, resultando na trágica morte dos cinco ocupantes. Após o desaparecimento da embarcação no último domingo, equipes internacionais de busca foram mobilizadas para localizá-la e resgatar os tripulantes com vida, porém a Guarda Costeira dos Estados Unidos confirmou na tarde desta quinta-feira que houve uma “implosão catastrófica” e todos os ocupantes perderam a vida.

A empresa OceanGate divulgou um comunicado expressando tristeza pelo ocorrido e afirmando que os passageiros do submersível, que estavam a caminho do naufrágio do Titanic, faleceram. A empresa ressaltou que esses homens eram verdadeiros exploradores, com um espírito aventureiro e uma profunda paixão pela exploração e preservação dos oceanos. O comunicado expressou condolências às famílias das vítimas e lamentou a perda dessas vidas e a alegria que elas proporcionaram a todos que as conheciam.

Abaixo estão listados os erros e falhas que contribuíram para o incidente:

Janela inadequada para as profundezas: Em 2018, um ex-funcionário da OceanGate, David Lochridge, diretor de operações marítimas na época, alertou sobre problemas de qualidade e segurança do Titan. Ele destacou em um relatório que a janela de visualização do submersível não era adequada para suportar as pressões nas profundezas oceânicas que a embarcação pretendia alcançar. Embora certificada para suportar pressões de até 1.300 metros, o objetivo da OceanGate era explorar o naufrágio do Titanic, que se encontra a 3.800 metros de profundidade.

Falta de GPS e orientação por mensagens de texto: Durante uma reportagem feita pela rede de televisão americana CBS News no ano anterior, foi revelado que o submersível não possuía GPS e dependia de mensagens de texto enviadas de um barco na superfície para se orientar.

Controle de videogame adaptado: O CEO e fundador da OceanGate, Stockton Rush, que também atuava como comandante do Titan, pilotava o submersível usando um controle de videogame adaptado. Ele utilizava um modelo modificado do Logitech F710, lançado em 2011. O uso desse controle de videogame improvisado foi descrito pelo repórter como parte dos elementos peculiares da embarcação.

Alerta ignorado por especialistas: Em 2018, uma carta assinada por 38 empresários, exploradores de águas profundas e oceanógrafos foi enviada a Stockton Rush expressando preocupação com a abordagem experimental do Titan. A carta recomendava a realização de mais testes e destacava os potenciais perigos para os passageiros em profundidades extremas. No entanto, a OceanGate ignorou o alerta, alegando que o Titan era tão inovador que a certificação seguindo as normas usuais das agências de avaliação levaria anos.

Durante uma expedição anterior, na qual o repórter David Pogue participou junto à OceanGate para visitar o Titanic, foram registrados problemas técnicos significativos. Durante o mergulho, o submersível Titan perdeu comunicação por duas horas e trinta minutos após ser submerso, resultando em dificuldades para localizar os destroços do naufrágio. Pogue relatou a experiência, destacando a sensação de estar perdido durante esse período.

Lançamento em águas internacionais para evitar regulamentos dos EUA: Um dos signatários da carta enviada em 2018, Bart Kemper, um engenheiro mecânico e pesquisador especializado em submarinos, revelou que a OceanGate optou por levar o Titan para águas internacionais, fora da jurisdição da Guarda Costeira dos Estados Unidos, evitando assim a necessidade de cumprir os regulamentos norte-americanos aplicáveis. Essa medida permitiu à empresa operar o submersível sem seguir os protocolos de segurança rigorosos estabelecidos pelas autoridades competentes.

Submersível experimental sem homologação: Um trecho da reportagem de David Pogue, que viralizou após o desaparecimento do Titan, mostrou o momento em que o jornalista assinou um termo reconhecendo que o submersível era uma “embarcação experimental” e não havia sido aprovado ou homologado por nenhum órgão regulador. O documento alertava que a viagem poderia resultar em ferimentos, trauma emocional ou até mesmo morte.

É importante ressaltar que esses erros e falhas destacados contribuíram para o trágico desfecho do desaparecimento do submersível Titan e a perda de todas as vidas a bordo. Essas questões levantam preocupações sérias sobre os procedimentos de segurança, controle de qualidade e certificação seguidos pela OceanGate Expeditions. O incidente destaca a importância de rigorosos padrões de segurança, testes apropriados e certificações adequadas ao lidar com expedições e atividades de exploração em ambientes extremos, como as profundezas oceânicas.